A órbita vazia e a mandíbula quebrada eram um lembrete constante do que havia sido roubado de Mary. No entanto, ela se recusava a ser definida por suas feridas. Com uma determinação feroz, ela começou a reconstruir sua vida, a encontrar uma voz silenciosa dentro dela mesma que ecoava a resiliência e a força que a haviam mantido viva.
O tempo passou, os anos se arrastaram com uma melancolia persistente. A França, embora tenha emergido das cinzas da guerra, ainda carregava as cicatrizes daqueles tempos terríveis. Mary, por sua vez, tornou-se uma sombra de sua antiga vitalidade. Seus dias eram vividos em um isolamento autoimposto, onde as cicatrizes invisíveis eram mais profundas do que qualquer marca física.
Em 1955, o horizonte da França estava finalmente se desanuviando. A luz do progresso começava a dissipar as nuvens escuras do passado. Entretanto, para Mary, o sol brilhante não podia aquecer sua alma congelada pelo terror. Ela encontrou refúgio em um convento, onde a paz serena das freiras proporcionava um breve alívio para sua agonia incessante.
Mary nunca superou aquele momento, antes um ser de luz e depois um ser cinzento e opaco, antes uma linda voz que trazia conforto e consolo hoje um silêncio aterrorizante e cruel. O silêncio parecia ser a sequela física daquele dia cruel. Sua voz, uma vez um conforto para os feridos e aflitos, havia sido silenciada pela brutalidade da guerra. Entre as freiras, murmúrios de compaixão e mistério circulavam em torno de sua condição. Alguns diziam que Mary havia feito um voto de silêncio, uma maneira de manter o horror aprisionado dentro de si.
A história falada entre as mais velhas freiras é que não era sequela física, pois ela falou até o momento em que o Filho de sua história maligna nasceu, fruto de uma selvageria nasceu um incrível Menino de pele clara e lindos olhos azuis e ela ao ver aquele olhar pareceu ser enfeitiçada e nunca mais falou. No entanto, outros afirmavam que era algo mais profundo, uma conexão inexplicável com o filho que nasceu daquele ato de selvageria.