O Portador da LUZ 

Capítulo 3

“Lúcifer é o portador da luz, a estrela da manhã. Na tradição cristã, é um dos nomes do diabo. A palavra Lúcifer vem do latim Lux, que significa luz, e Ferre, que é levar, portar. É portanto o portador da luz, ou ainda a estrela da manhã ou filho d’alva, como se encontra em registros antigos.”

          Após os acontecimentos que marcaram sua busca pela verdade e seu confronto com o nome “Lux e Ferre”, a vida de James Petit continuou, mas tomou um rumo ainda mais peculiar. Sua obsessão pela busca da verdade, combinada com sua falta de compreensão emocional, o levou por um caminho onde a lógica e a razão eram suas únicas guias.

          James tornou-se um professor no mosteiro, compartilhando seu conhecimento com os jovens aprendizes. No entanto, sua personalidade se transformou de uma maneira que o fazia parecer distante e frio. Ele encontrou conforto na solitária busca pela verdade, apegando-se às informações concretas e objetivas que podiam ser encontradas nos livros e nas palavras dos filósofos e sábios.

         Sua mente brilhante continuava a se destacar em ciências e fatos históricos, mas ele continuava a falhar de forma calamitosa quando se tratava de compreender sentimentos e interações sociais. O que os outros viam como empatia ou simpatia, ele via como reações baseadas em informações pré-existentes. Sua busca incessante pela verdade o afastou ainda mais das nuances emocionais da vida cotidiana.

          Essa falta de empatia e conexão emocional logo se tornou evidente para aqueles ao seu redor. James tinha uma capacidade perturbadora de encontrar lógica em tudo, mas suas palavras frequentemente careciam de compaixão ou consideração pelos sentimentos dos outros. Ele analisava as situações com uma clareza implacável, mas muitas vezes falhava em entender como suas palavras podiam afetar profundamente os outros.

       Uma ocasião que ilustrou essa característica foi quando um dos aprendizes do mosteiro o abordou para pedir conselhos sobre uma situação pessoal. O jovem estava lidando com um dilema moral e buscava orientação. Ele descreveu a situação com uma expressão angustiada, esperando palavras de conforto e sabedoria.

       James ouviu atentamente, processando as informações com rapidez. E então, em sua típica abordagem lógica, ele disse: 

         -“Se você analisar todas as variáveis envolvidas e calcular as consequências de cada decisão, a resposta se tornará clara. A decisão correta é aquela que resulta no menor impacto negativo para todas as partes envolvidas”.