-“Portanto,” declarou o ancião com uma voz firme, “tomamos a difícil decisão de expulsá-lo de nossos domínios. Você não pode mais ser parte de nossa fraternidade católica. Suas crenças e caminhos agora o levam por um caminho diferente, um caminho que não podemos trilhar juntos.”
As palavras do ancião pareciam ecoar pela sala, e James sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele estava sendo afastado do lugar que havia sido sua casa, onde havia buscado conhecimento e propósito por tanto tempo.
-“Você tem até o amanhecer para deixar nossos domínios,” disse o ancião. “Seu caminho agora é seu próprio, e que a luz divina o guie em suas jornadas futuras.”
James abaixou a cabeça, uma mistura de emoções o dominando. Ele sabia que sua busca por sabedoria o havia afastado dos alicerces que conhecera, mas não estava preparado para o sentimento de perda que agora o consumia.
-“Parta agora, James Petit,” disse o ancião com um tom mais suave. “Enfrente seu destino, pois o que está diante de você é uma jornada de descobertas e desafios que apenas você pode trilhar.”
James se levantou da cadeira, sentindo o peso em seus ombros. Ele olhou uma última vez para os Anciãos e, sem dizer uma palavra, deixou a sala.
Caminhando pelos corredores do monastério, James sentiu uma mistura de vazio e determinação. Ele não sabia para onde sua jornada o levaria agora, mas uma coisa era certa: ele estava prestes a enfrentar a dor da verdade de uma forma que jamais imaginara.
James caminhava pelos corredores do monastério com uma sensação de isolamento, uma percepção de que agora era um estranho em um lugar que um dia havia sido seu lar. Os olhares dos que o conheciam pareciam cortantes, julgadores, como se enxergassem além das aparências e vissem algo que ele próprio estava apenas começando a perceber.
Agora, com o véu de ignorância retirado de seus olhos, ele via as nuances sombrias que antes passavam despercebidas. A aura de controle e temor que pairava sobre o monastério, as repressões e as mentiras que há tanto tempo eram encobertas, agora se revelavam em toda a sua crueza. James não estava mais protegido pela ilusão da santidade que o monastério representava para ele. As paredes pareciam guardar segredos obscuros que não podiam mais ser ignorados.
Em seus últimos momentos no monastério, James testemunhou algo que chocou sua alma. No momento em que seu olhar encontrou um padre e um jovem coroinha em uma sala, uma cena horrenda se desenrolou diante de seus olhos. Ele viu o padre abusando do jovem de forma sádica e cruel. O grito de horror escapou de seus lábios, ecoando pelos corredores, mas foi em vão. Quando correu para interromper o ato, sua mente pareceu ser atingida por um golpe avassalador. A cena cruel se transformou e ele pode ver que a sua mente via algo que não era real naquele momento, o ato de abuso se tornou na realidade em uma confissão de pecado, uma cena totalmente diferente da que ele havia testemunhado a instantes.
James parou, ofegante, seu coração batendo forte em seu peito. As imagens pareciam dançar em sua mente, uma realidade sombria que agora não podia mais negar. A dúvida o assombrava: teria ele imaginado tudo aquilo? A linha entre a realidade e a ilusão parecia se distorcer diante de seus olhos.
Ele se encontrou com o olhar vazio do coroinha, cujas palavras durante a confissão ecoavam em sua mente. Uma sensação de vertigem o tomou, como se ele estivesse à beira de uma realidade que ele não podia mais ignorar. A verdade estava diante dele, nua e crua, desafiando-o a enfrentar as sombras que espreitavam nas profundezas do monastério.
James saiu do monastério, suas pernas trêmulas, mas sua mente mais clara do que nunca. Ele sabia que não estava louco, que o que testemunhou era real de alguma forma. Ele sentia o peso da verdade em seus ombros, um fardo que não podia mais ignorar. Sua jornada agora estava apenas começando, e ele estava determinado a enfrentar cada desafio que a realidade lhe apresentasse, por mais sombria que fosse.
Desacreditando na eficácia de fugir daquilo que agora se revelava à sua mente abalada, James se viu em um dilema angustiante. A fronteira entre realidade e ilusão se tornara turva, e ele não sabia mais em quem confiar, nem mesmo em sua própria percepção. A verdade que ele desenterrou era como um monstro que o perseguia, independentemente de onde ele fosse.
No entanto, a expulsão do monastério o obrigava a deixar para trás as sombras e os segredos que o haviam sufocado por tanto tempo. Ele ansiava pela paz, pela calmaria que só a distância poderia proporcionar. A ideia de um refúgio, longe dos olhares julgadores e das memórias distorcidas, parecia ser o único caminho para recuperar sua sanidade.
Assim, James deu os primeiros passos hesitantes em direção a uma nova vida. Ele se afastou das paredes sombrias do monastério, deixando para trás a vida que um dia conhecera. Cada passo era uma mistura de alívio e apreensão, uma fuga do passado que o assombrava mas que até então fora sua vida.
À medida que o monastério se distanciava no horizonte, ele sentiu um peso sendo retirado de seus ombros. O ar fresco da liberdade encheu seus pulmões, e ele se permitiu vislumbrar a possibilidade de um novo começo. A solidão, que antes era sua escolha, agora parecia uma necessidade para encontrar seu equilíbrio interior.