Os olhos de Camille se iluminaram, capturados pelo entusiasmo contagiante de James. Ela inclinou-se para a frente, ansiosa para ouvir mais.
– Conte-me tudo. Estou aqui para te ouvir.
James então perguntou a ela:
– Você conhece a chamada Phantom Time ou Dark Ages da época medieval?
Camille pensou que se tratava de uma brincadeira e respondeu com um tom de deboche:
– Claro, sei tudo sobre isso. Foi a especialização no 5° semestre de direito criminal.
Obviamente, James entendeu que era uma brincadeira, mas sem fazer graça, determinou a explicar e relatou:
– Imagine você estar lendo um livro que conta a vida de uma pessoa. Esse livro é um grande livro, tem 1000 páginas, mas é um livro fabuloso que prende sua atenção, consegue imaginar isso?
Ela assentiu com a cabeça, confirmando. James continuou:
– O livro estava ótimo, com uma narrativa cheia de detalhes e era encantador, mas quando você chega na página 600 percebe que o livro tem páginas em branco, sem nenhuma descrição, totalmente em branco até a página 900. Isso lhe causaria alguma estranheza?
Camille, atordoada, respondeu:
– Seria um absurdo, perderia quase ⅓ da história do livro. Odiaria ler esse livro.” (falou Camille fazendo um pouco de graça)
James complementou sua narrativa:
– A conhecida Dark Age é exatamente isso, na época medieval, no ano de 615 até 915, houve um período histórico com páginas totalmente em branco. Na realidade, é mais ilustrativo que apenas páginas em branco; arqueólogos modernos buscam evidências arquitetônicas, rastros de civilizações ou fragmentos de narrativas reais da história e até hoje o que se encontrou foram crônicas muito bem criadas, como histórias heróicas de guerra. Mas sem qualquer contexto real de civilização. Ou seja, aparentemente, a civilização medieval europeia teve a total extinção em 615 e renasceu apenas em 915, exatamente como era quando foram extintos. Reflita sobre o que estou dizendo. Todos os fatores históricos de 615 até 915 são inexistentes arqueologicamente. O estranho fato de retornarem sem nenhuma alteração na arquitetura, na escrita, armamentos, roupas e utensílios também é um fato assombroso. Se realmente houvesse esse phantom time “Tempo Fantasma”, o mínimo que os estudiosos esperariam é que houvesse a mudança cultural de tudo ao retornar em 915, mas não foi o que ocorreu. Foi como se toda uma civilização saísse do coma e sem perda de memória voltassem a fazer tudo o que fariam a 300 anos atrás.“
Camille demorou um pouco em sua reflexão para compreender e questionou dizendo:
– Mas isso que está dizendo é uma história, um conto?
James respondeu:
– Não! Isso é um fato histórico, o que estou falando é real. Isso aconteceu na nossa história da civilização moderna. E os documentos estão todos relacionados de alguma forma a isso.
Camille um pouco incrédula questiona:
– Em outras palavras, você está tentando me dizer que a história existente entre 615 até 915 foi inventada?
James responde:
– Sim, superficialmente é exatamente isso. A ideia é que durante esse período, a história como a conhecemos pode ter sido falsificada, ocultando eventos significativos ou mesmo toda uma era de desenvolvimento. E é nesse ponto que os manuscritos medievais entram na equação.
Camille inclina a cabeça, processando a informação.
– Você está sugerindo que esses manuscritos podem ser a chave para entender o que realmente aconteceu nesse período em branco da história?
James assente com entusiasmo.
– Exatamente. Acredito que esses manuscritos contenham pistas cruciais que foram preservadas ao longo dos séculos, esperando serem decifradas. Afinal, o que pode ter sido considerado insignificante na época pode revelar uma verdade oculta sobre nossa própria história.