Então, eles correram imediatamente pelo corredor que os conduzia ao arquivo. Camille foi apressadamente puxada pelo delegado e todos seguiram até o fundo do corredor, entrando na sala de monitoramento. Com um gesto rápido, o delegado colocou o vídeo para reproduzir a partir de 10 horas antes do suicídio, e então começou a relatar passo a passo o que ocorreu:

        Tudo parecia normal no início, sem nada fora do comum, até chegarmos à meia-noite. Foi nesse ponto que notei uma reação estranha de Alexei.

        O vídeo mostrava Alexei deitado em sua cela, e de repente, ele se ergueu, virando-se para o fundo da cela e ajoelhando-se. Ele repetiu esse gesto várias vezes, como se estivesse prestando homenagem a algo divino ou superior. Enquanto assistiam, Camille, sempre atenta aos detalhes, percebeu algo se movendo na sombra à frente de Alexei. A luminosidade no fundo da cela era reduzida, mas ela conseguiu distinguir um certo movimento e, curiosa, pediu ao delegado:

      – Me parece que há algo aqui. Será possível melhorar o contraste de luz?

      O delegado prontamente ajustou as configurações do vídeo para melhorar o contraste, e todos ficaram petrificados ao notarem uma silhueta se formando dentro da cela. A figura era indistinta, mas claramente visível, e um arrepio percorreu a espinha de todos na sala enquanto observavam a cena se desenrolar diante deles.

        O delegado, claramente aterrorizado, não conseguiu conter seu espanto e comentou:

        – Isso é impossível! Ninguém conseguiria entrar na cela sem ser detectado, muito menos aparecer repentinamente ao fundo, sem ser visto por guardas ou pelas câmeras de monitoramento.

    Contudo, a figura sombria no vídeo não era desconhecida para James e Camille. No mesmo instante, trocaram olhares carregados de significado, e quase simultaneamente sussurraram “Camerlengo”. O vídeo continuou a avançar, revelando o momento em que Alexei se levantou e se virou, mostrando que o pentagrama já estava desenhado em seu peito enquanto ele estava de costas. Com uma agilidade surpreendente, ele enrolou suas vestes e rapidamente se enforcou.

       O silêncio na sala de monitoramento era pesado, preenchido apenas pelo som do vídeo correndo e pelos pensamentos acelerados de todos os presentes. O que eles estavam testemunhando era algo além do que qualquer um deles poderia compreender, uma mistura assustadora de eventos sobrenaturais e mistérios inexplicáveis. A presença da entidade maligna, o Camerlengo, parecia estar intrinsecamente ligada aos eventos que estavam se desenrolando, mas como e por quê, isso permanecia um enigma.

        Camille, sempre atenta aos detalhes, notou algo assombroso e perguntou com um tom intrigado:

        – Ele tem algum tipo de relógio onde possa verificar o horário de dentro da cela?

       O delegado respondeu prontamente que não, explicando que essa era uma medida padrão para garantir que os presos não tivessem conhecimento do tempo enquanto estivessem detidos. Camille então apontou para o relógio no monitor e continuou:

       – Percebi que a silhueta apareceu exatamente à meia-noite, e ele se enforcou precisamente às 3 horas da madrugada. Isso não pode ser mera coincidência, aconteceu pontualmente.”

         Antes que pudessem discutir mais sobre a descoberta, os advogados do Vaticano entraram na sala, interrompendo a exibição do vídeo. Eles informaram que o Vaticano havia invocado a lei de segurança pública e, como resultado, o caso estava agora sob jurisdição policial, tornando-o completamente sigiloso.