James apontou para a imagem, olhando diretamente nos olhos de Camille, e disse com uma expressão séria:
– Essa imagem mostra a estátua de Ísis com o mesmo pentagrama invertido que encontramos no peito de Alexei. Parece que o símbolo tem uma ligação profunda com a deusa e possivelmente com o demônio que tem nos assombrado. A inscrição que mencionamos, ‘Eu sou tudo o que foi, é e será’, sugere uma divindade que transcende o tempo, que é onipresente em todas as eras.
Camille olhou para a imagem e as palavras, tentando absorver o peso das implicações. A ideia de que o demônio que eles enfrentavam poderia estar ligado a antigas tradições egípcias e à deusa Ísis era desconcertante. Ela acrescentou:
– A inscrição original ‘Eu sou tudo o que foi, é e será‘ poderia indicar um conhecimento que transcende as limitações humanas. E a versão de Proclo, sobre o ‘fruto do meu ventre foi o Sol‘, parece sugerir um nascimento divino, talvez algo relacionado a uma figura celestial ou sobrenatural.
James concordou com um aceno, continuando a análise:
– Além disso, a parte ‘ninguém jamais levantou meu manto‘ pode ter múltiplas interpretações. Pode ser uma referência à virgindade da deusa, ou até mesmo à ideia de que seu conhecimento e sabedoria são inacessíveis para os mortais. No entanto, a versão de Proclo também aponta para a possibilidade de um nascimento divino sem uma divindade masculina, o que ressoa com o mito egípcio de Neith como a mãe do deus sol Rá.
Camille olhou fixamente para as palavras e as imagens, sentindo a profundidade das conexões sendo reveladas. Era como se estivessem descobrindo uma verdade oculta, uma narrativa que havia sido moldada ao longo do tempo para esconder algo maior e mais sombrio. O véu estava sendo levantado, e eles estavam prestes a mergulhar mais fundo na história que poderia revelar os segredos do demônio que os atormentava.
James continuou folheando os manuscritos freneticamente, como se guiado por uma força invisível que o impulsionava na busca por respostas. Ele apontou para uma imagem específica e explicou:
– Veja este mosaico do século III. Ele retrata Cristo no estilo do ‘Sol Invictus‘, em uma carruagem, com raios saindo de sua auréola. Essa representação de Cristo como um símbolo pagão do Deus Sol é interessante. Agora, olhe para esta outra imagem. É uma representação da segunda metade do século IV, uma das primeiras que apresenta Cristo com barba, abandonando a imagem simbólica de um jovem imberbe. Isso é característico da arte greco-romana. Essa imagem é das catacumbas de Comodila, em Roma.