O delegado, perplexo e temeroso, não sabia como reagir à situação sobrenatural que se desenrolava diante de seus olhos.
Aquela sombra sobrenatural, agora materializada no corredor fora da cela como um truque de mágica fica frente a frente com o delegado que sem acreditar fica imóvel, Camerlengo com uma brutalidade chocante. Num movimento rápido e sobrenatural, ele empurrou o delegado contra as grades, e com uma força sobrenatural, quebrou o pescoço dele como se fosse um mero e fino galho.
James, horrorizado, assistiu à cena impotente. Ele estava preso na cela, testemunhando um ato de violência inimaginável e inexplicável. A sombra, agora com os olhos fixos em James, parecia estar prestes a revelar algo mais.
Então mostrando toda sua face monstruosa e diabólica para James olha com seus olhos vermelhos e pronúncia:
– Sua vida cria sofrimento alheio, sua presença atrai sofrimento, sua energia drena a vida de quem o rodeia e assim continuará enquanto viver. Mas você pode parar com tudo isso, pode dar fim a todo esse sofrimento.
James estava aterrorizado com a visão diabólica à sua frente. A sombra parecia conhecer os segredos mais profundos de sua alma e lançava acusações sombrias sobre ele. Seu coração batia descompassadamente, e ele balbuciou em resposta:
– O que você quer de mim? O que eu devo fazer?
A sombra, com um sorriso sádico, respondeu:
– Você sabe o que fazer. Liberte-se da dor que carrega consigo. A verdadeira redenção requer sacrifício, James. Está disposto a pagar o preço?
James estava em uma encruzilhada, confrontado com escolhas terríveis. Ele se sentia como se estivesse preso em um pesadelo sem fim.
Ele vê o corpo do Delegado caindo e tem um flash em sua mente com pensamentos do passado com Camille, onde por horas a felicidade foi plena, depois o vazio, o presente de sofrimento que estava a pagar por um crime que não cometeu e nesse momento previu o futuro hipotético onde seria incriminado pela morte do Delegado, de sua amada e sua vida seria eternamente dentro das grades em sofrimento e quase que rendido diz:
– E como faço essa dor e sofrimento parar?
A sombra metamorfa agora se parecia a figura de sua mãe, com semblante de piedade e amorosa dizendo suavemente:
– Aceite que nada poderá fazer, aceite que nós viemos ao mundo para sofrer para que possamos evoluir e nos tornar melhor.
Então aquele ser tira de suas vestes um antigo punhal e por entre as grades oferece-o a James dizendo:
– Reconheça a superioridade do criador, do maligno marcando o seu pentagrama em seu peito, assim seu sacrifício será completo e toda a dor e sofrimento acabarão.
James parece fraco e vencido, ergue sua mão e estende-a para pegar o punhal e ao pega-lo ele toca a mão do metamorfo pela primeira vez, que alí estava com a fisionomia imaginária de James, pois ele nunca havia conhecido realmente sua mãe, mas via grande semelhança na sua imaginação. Ao pegar o punhal James toca por um instante a mão daquele ser e uma luz aparece repentinamente em sua mente e em sua mente toda a cela ficou iluminada e aquela figura materna agora parecia uma serpente de pé. O tempo pareceu parar e toda sua história foi refeita em uma fração de segundo, o esclarecimento foi como a revelação de um novo dia, foi como a noite virar dia, de um inverno para uma linda primavera.
Pode ver toda a sua ignorância em uma perspectiva ampla, pode ver a fraqueza e fragilidade de sua mãe, o medo, terror e todo sofrimento de amor que teve para com o filho, mesmo a distância, mesmo sentindo a saudade rasgando seu coração arrependida todos os dias ela não tivera força suficiente para voltar o passado, para mudar o presente e construir um novo futuro. Percebeu que o julgamento que o tivera com ela era orbital em cada alma, todos passam pelos mesmos obstáculos em vários momentos, percebeu que a força que ela não tivera era a mesma falta de força que o fez não gerar a energia para a procurar, ele percebeu que na perspectiva externa ele era sua mãe e o julgamento que intrinsecamente fazia era o mesmo que o condenava naquele momento. Tinha a mesma fraqueza, tinha os mesmos medos e a mesma falta de força para mudar o passado, agir no presente e criar um futuro.
Percebeu naquele momento que o passado é apenas a percepção que molda o presente e constrói o nosso futuro. Viu o amor de Camille em seus olhos que foram extraídos de sua vida tão rapidamente e percebeu que o amor que ela deu duraria para sempre. Sua mente então perambulou pelos antigos testamentos e com a clareza que agora de alguma forma foi lhe dada, ele sabiamente lembrou do texto de Jó (1:1)
“Desviava-se do Mal”
Ele percebeu que a história de sofrimento de Jó era a sua vida naquele momento, era sua provação e era a vida de “Todos” em algum momento da vida.